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UMBERTO ECO E O NOME DA ROSA

04/04/2020 Fernanda Krüger Textos contemporâneos

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Biblioteca do mosteiro beneditino, cenário do filme O Nome da Rosa.  Imagem: reprodução / Trailer YouTube. 

 

Posso dizer que muitos livros me marcaram por um motivo ou outro. Alguns tanto, que não me cansei de sua releitura, no vasto sentido dessa palavra. Outros, além de me estimularem a releitura, me permitiram apreciar o enredo de modo quase interativo.

Guardo semelhante afinidade com alguns outros autores. Uns me tocam pela particular habilidade com as palavras e na exposição de suas ideias e conhecimento. Outros, pelo talento da escrita em si aliado à forma peculiar de apreciar e valorizar os livros como um objeto de investigação e entendimento do mundo. 

Um dos meus xodós literários amarra tudo isso em um só nó. Refiro-me, aqui, ao livro O Nome da Rosa, do saudoso escritor italiano Umberto Eco, adaptado às telas do cinema e filmado no Mosteiro Eberbach (1986), em um vilarejo muito próximo da cidade onde vivo.

O livro é ambientado no norte da Itália, em 1327. A trama se desenrola em torno de mortes que ocorrem em um mosteiro e a relação delas com uma das maiores bibliotecas da cristandade. Um convite a se pensar sobre o controle do conhecimento, o uso abusivo do poder, ao mesmo tempo de considerar a importância dos livros, da acessibilidade à informação, do pensamento crítico e da liberdade de escolha.

Umberto Eco tinha uma extravagância capaz de intimidar até mesmo alguns livreiros. Apenas em seu apartamento em Milão, abrigava uma biblioteca com mais de 30 mil títulos! Frequentemente questionado sobre a razão de ter em casa tantos volumes, ele dizia ironicamente que "não havia se programado para ler tudo até o final do mês". Claro que sabia que isso jamais seria possível, mas acreditava que uma biblioteca particular "deveria ter a maior quantidade possível de conhecimento que se desconhecesse". 

Em período de confinamento doméstico, posso reler o livro ou novamente assistir ao filme. Quando tudo passar, será tempo de repetir passeios temáticos guiados, às margens do rio Reno, sobre O Nome da Rosa e os vinhos da região - atividades oferecidas no Kloster Eberbach.

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Fernanda Krüger

Idealizadora e fundadora do br+ Foco no lado positivo do Brasil!© e da iniciativa pioneira BRmais e o Português como Língua de Herança no Ensino Globalizado©. É também cofundadora do programa de leitura em língua portuguesa Encontros de Leitura/ Portugiesischer Vorlesetreff, na Biblioteca Infantojuvenil de Frankfurt e criadora do selo editorial Papagaios pelo Mundo®. Especialista em LIJ pela UCAM.