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O lixo e a economia circular

22/09/2018 Luciana Caran Meio Ambiente e Sustentabilidade

Você sabe qual a diferença entre resíduo e lixo??

Lixo é o material descartado que não pode mais ser reaproveitado, precisa ser encaminhado para um aterro sanitário. Resíduo, por sua vez, é o que ainda pode ser reaproveitado, ou através de reutilização, ou reciclagem ou compostagem.

Os resíduos orgânicos de fato, que são em sua maioria restos de alimento, representam hoje 52% do que é descartado em aterros no Brasil, sendo que poderiam ser compostados, assim retornando à natureza em forma de composto orgânico.

A situação é gravíssima no mundo inteiro: 1/3 dos alimentos produzidos vão parar no lixo! Estima-se que só no Brasil 39 mil toneladas de alimentos sejam desperdiçadas todos os dias; são R$ 12 bilhões de desperdício anuais, que se refletem nos preços dos produtos. Representa um grandioso desperdício de terras, água, energia e materiais, e um importante ônus ambiental pela contaminação da água e solo pelo chorume, e do ar pela geração de gases de efeito estufa - GEE.

O conceito de economia circular mostra a necessidade de mudarmos nosso padrão de consumo, de sairmos do modelo de economia linear para imitar a natureza, através do ciclo contínuo. A economia circular é uma alternativa atraente que busca redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade.

O modelo linear econômico "extrair, transformar, descartar" da atualidade está atingindo seus limites físicos. Isto envolve dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos, e eliminar resíduos do sistema por princípio. Apoiada por uma transição para fontes de energia renovável, o modelo circular constrói capital econômico, natural e social e se baseia em três princípios: 

· Eliminar resíduos e poluição por princípio 
· Manter produtos e materiais em ciclos de uso 
· Regenerar sistemas naturais

Segundo a economia circular, lixo é um erro de design.

Resíduos não existem quando os componentes biológicos e técnicos (ou "materiais") de um produto são projetados com a intenção de que permaneçam dentro de um ciclo de materiais biológicos ou técnicos concebidos para desmontagem e ressignificação. 

Os materiais biológicos não são tóxicos e podem ser, simplesmente, compostados. Materiais técnicos, como polímeros, ligas e outros materiais sintéticos, são projetados para serem reutilizados com o mínimo de energia e maior retenção de qualidade (ao passo que a reciclagem, como normalmente entendida, resulta em redução da qualidade e realimenta o processo com matéria prima bruta).

Portanto, a economia circular é praticamente a antítese da obsolescência programada, conceito ainda muito popular, praticado por empresas nos 4 cantos do mundo, como base desta louca economia consumista que ainda domina nosso planeta (por enquanto!).

Acho que está claro que a situação é gravíssima e que precisamos mudar nossos hábitos de consumo (incluindo aí o descarte). A economia pode se tornar totalmente circular, mas, ainda assim, a base dela somos nós - e esta base precisa estar envolvida por este novo padrão de produção e consumo.

Por fim, um filminho sobre a economia circular, que ilustra bem o que falamos aqui.

E aí, vamos mudar nossos hábitos?!

© Reprodução/ Luciana Caran

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Luciana Caran

Empreendedora serial, sempre construiu pontes e procurou perceber as necessidades do ambiente para buscar soluções criativas. Especialista em Comunicação Digital, fundadora da primeira agência de turismo da internet brasileira, foi responsável por diversos projetos de e-commerce em grandes empresas. Nos últimos anos, dedicou-se à inclusão digital através de palestras e aulas em diversas instituições. Como buscadora por soluções sistêmicas para problemas globais, hoje sua luta é contra o desperdício de alimentos, através de diversas iniciativas, entre elas a 2b Eco.